domingo, 28 de dezembro de 2008

Repugna-me a idiotes de sentir-se especial
O que somos é resultado da sorte
Sorte dos golpes na vida que fazem chorar
Sorte das gentes com que aprendeste algo
Sorte dos teus pais sacrificarem-se por ti
Sorte do que colheitas pelos descaminhos do diabo

Não quero reduzir-me Humildemente á sorte
Mas que precioso é sentir-se mutuamente a pele
E enganarem-se
Estrear um traje carnavalesco a cada conversa
Aquele momento que conseguimos sair de nós mesmos
E dizer o antes nunca dito
E rir-se por isso

Não me adjetivem, nem classifiquem
Eu não sou nada que tu não o puderas ser
Se tivesses a minha maldita sorte!
Haha!

Vivo, e todos os dias
Reincorporo o abismo
Ao cair na cama, ainda não estou lá
Mas não tarda desço á escuridão
E fico debaixo da cama
E convivo com:
Os bichos, ratos, formigas e teias d'aranhas
Desperto
Tenho náuseas de quem fodeu a sós

Quero morrer fora de mim!
Quero sair pela boca fora!
Com as palavras
E o ar das entranhas!
Quero cuspir insetos!

Não sei o que é isto
Sempre em todas as gentes que conheci ou li
E me simpatizaram
Ficaram a viver comigo
Sigilosamente se hospedaram
São um absurdo que nem os copos de água
Renego-me, rebelde, a beber deles
É por isso que bebo até emborrachar-me
E assim, já alheio do mundo inteiro
Fico a sós...

- Saúde, saúde!
- Feliz 2009!
- Hahahaha!

1 comentário:

Jeust disse...

clap clap clap um texto muito bom ò fernando :p

abraços